6.6.06

Público, 6 de Junho de 2006

Universidades e politécnicos vão analisar por que é que os alunos abandonam o ensino superior

Governo e Fundo Social Europeu financiam projectos de promoção do sucesso escolar. Escolas podem propor tutorias e formação de docentes

O Ministério da Ciência e do Ensino Superior abriu um concurso para que universidades e politécnicos estudem a razão dos maus resultados dos estudantes. As escolas são ainda convidadas a criar actividades de promoção do sucesso. O anúncio do concurso Promoção do Sucesso Escolar e Combate ao Abandono e ao Insucesso no Ensino Superior foi publicado na imprensa no final de Maio. De acordo com os últimos dados trabalhados pelo Observatório da Ciência e do Ensino Superior, referentes ao ano lectivo de 2003/2004, três em cada dez alunos não conseguiram terminar o ensino superior. É no ensino público que a taxa de insucesso é maior (36,9 por cento); no privado situa-se nos 31,1 por cento. O ministério de Mariano Gago considera ser uma "prioridade nacional" a promoção do sucesso e o combate ao abandono e insucesso nos cursos superiores. Em colaboração com o Programa Operacional da Ciência e Inovação (POSI), do Fundo Social Europeu, pretende financiar as instituições de ensino, durante um ano, para trabalharem estas áreas. O objectivo anunciado é identificar as causas do problema, de maneira a melhorar as taxas de sucesso e promover novas práticas de apoio aos estudantes.

Estudantes participam nos projectos
O Governo e o POSI vão apoiar dois tipos de iniciativas: projectos de diagnóstico e de intervenção. Associações e federações de estudantes devem participar em todas elas.No âmbito dos projectos de diagnóstico, cabe às universidades e politécnicos - através de consórcios entre unidades e centros de investigação com dez investigadores doutorados - apresentar propostas de projectos que identifiquem factores sociológicos, psicológicos ou inerentes à organização da escola que contribuam para o insucesso. A ideia é compreender melhor as situações de bons e maus desempenhos. Quanto aos projectos de intervenção, as instituições devem propor medidas correctivas, com carácter social e organizacional, para promover o sucesso escolar. O anúncio do ministério recomenda que as escolas sugiram, ao nível dos primeiros anos do superior - que é a altura em que os alunos mais desistem de prosseguir os estudos -, actividades de tutoria ou promoção de formas de interacção entre professores e estudantes.Universidades e politécnicos podem ainda promover formação pedagógica para os professores ou sessões ou estágios de orientação obrigatória para os alunos. Uma identificação atempada da falta de assiduidade e de aproveitamento escolar é apontada como fundamental.O ministério abre a possibilidade de propor mecanismos de coordenação e acompanhamento dos projectos. As escolas têm até 31 de Julho para apresentar as suas candidaturas, que podem ser feitas pela Internet (www.poci2010.mctes.pt).

Privados também entram
Inicialmente, este concurso foi pensado apenas para as escolas pública. No anúncio está escrito que podem "candidatar-se as instituições de ensino superior público". Ontem, a Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (Apesp) enviou uma carta ao ministro Mariano Gago, considerando "inacreditável e inaceitável" que sejam promovidos concursos públicos, "para atribuição de dinheiros comunitários, restringidos a entidades públicas", uma vez que as escolas privadas são "legalmente reconhecidas de interesse público".Durante a tarde, o gabinete de Gago fez saber à Apesp que os termos do concurso iam ser revistos para incluir os privados, informou a associação.

Bárbara Wong

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