Ján Figel, Commissioner for Education, Training, Culture, and Multilingualism
International Competitiveness in Higher Education — A European Perspective
AHUA Annual Conference—Oxford University
Oxford, 3 April 2006
Commission: Higher education in the Lisbon Strategy
Commission: Higher Education in Europe
26.4.06
21.4.06
UM COMPROMISSO COM A CIÊNCIA PARA O FUTURO DE PORTUGAL
Vencer o atraso científico e tecnológico
Documento de orientação, Abril 2006
[pdf]
Vencer o atraso científico e tecnológico
Documento de orientação, Abril 2006
[pdf]
20.4.06
in Público 20Abril
REFORMA DOS LABORATÓRIOS DO ESTADO AVANÇA COM VENDA DE PATRIMÓNIO
Clara Barata
Compromisso com a Ciência, do Governo de José Sócrates, promete reforço de verbas, mas prevê grandes reestruturações do sistema científico nacional, que passam pela diminuição do número de centros de investigação e criação de redes.
[...]
A reorganização do sistema científico nacional passará também pelos centros de investigação das universidades e outras entidades, que resultará da avaliação internacional que será feita em 2007. "Já nas últimas avaliações se concluía que, em muitos casos, se justifica uma concentração de unidades."
A ideia não é simplesmente deixar de financiar os centros de investigação com pior classificação - embora isso também se deva verificar. "Não faz sentido, na fase actual do sistema científico português, ter tolerância para com instituições de baixa qualidade. O sistema está preparado para ser avaliado ao mesmo nível que os centros da Fundação Nacional para a Ciência nos EUA. Para os que não passarem esse teste, é do interesse de todos que acabem."
A ideia é criar redes de laboratórios que podem estar geograficamente afastados mas que têm actividades complementares, e que podem lucrar com uma direcção conjunta. "O objectivo é criar massas críticas, com orientação estratégica de longo prazo, estabilidade e capacidade de contratação de pessoal científico", disse Mariano Gago.
Pretendem também criar-se redes temáticas de investigação, para trabalhar problemas científicos próximos e, nalguns casos, equipamento científico, e até para fazer formação de pessoal. "Os fundos europeus já funcionam com esta filosofia, financiando redes de excelência", sublinha.
[...]
>Triplicar o número de patentes registadas no Gabinete Europeu de Patentes e no Gabinete de Patentes dos Estados Unidos (eram, respectivamente, 4,1 e 1,3 por milhão de habitantes)
>Lançamento já em Abril de 2006 dos primeiros concursos para contratos-programa com instituições científicas, públicas ou privadas, visando o financiamento de contratos individuais de trabalho de investigação.
>Criação de 50 cátedras convidadas até 2009 em Universidades e Instituições de investigação, abertas ao co-financiamento de entidades privada
>Criação de bolsas de integração na investigação de estudantes de mestrado e licenciatura; programa de formação avançada e doutoramentos em investigação clínica, associado ao internato médico, envolvendo 300 médicos até 2009
>Entrada em funcionamento de novos laboratórios associados e reforço das suas condições de funcionamento, através da revisão dos seus contratos-programa com o Estado
>Projectos de I&D orientados para apoio às políticas públicas (riscos naturais e ambientais, incêndios florestais, epidemias, transformações sociais)
>Criação do Laboratório Internacional de Vulcanologia dos Açores.
>Equipamento dos navios oceanográficos
>Criação da rede de parcerias internacionais de grande dimensã
> Aumentar 50% o número de novos licenciados por ano em áreas de ciências e engenhari
>Adaptação da legislação de imigração e dos mecanismos de acolhimento de imigrantes de alto nível científico e técnico
>Reforço da intervenção da Agência Ciência Viva junto das escolas de ensino básico e secundário para o reforço do ensino experimental das ciências
Um Compromisso com a Ciência para o Futuro de Portugal
2006-03-29: Intervenção do Primeiro-Ministro no debate mensal na Assembleia da República
REFORMA DOS LABORATÓRIOS DO ESTADO AVANÇA COM VENDA DE PATRIMÓNIO
Clara Barata
Compromisso com a Ciência, do Governo de José Sócrates, promete reforço de verbas, mas prevê grandes reestruturações do sistema científico nacional, que passam pela diminuição do número de centros de investigação e criação de redes.
[...]
A reorganização do sistema científico nacional passará também pelos centros de investigação das universidades e outras entidades, que resultará da avaliação internacional que será feita em 2007. "Já nas últimas avaliações se concluía que, em muitos casos, se justifica uma concentração de unidades."
A ideia não é simplesmente deixar de financiar os centros de investigação com pior classificação - embora isso também se deva verificar. "Não faz sentido, na fase actual do sistema científico português, ter tolerância para com instituições de baixa qualidade. O sistema está preparado para ser avaliado ao mesmo nível que os centros da Fundação Nacional para a Ciência nos EUA. Para os que não passarem esse teste, é do interesse de todos que acabem."
A ideia é criar redes de laboratórios que podem estar geograficamente afastados mas que têm actividades complementares, e que podem lucrar com uma direcção conjunta. "O objectivo é criar massas críticas, com orientação estratégica de longo prazo, estabilidade e capacidade de contratação de pessoal científico", disse Mariano Gago.
Pretendem também criar-se redes temáticas de investigação, para trabalhar problemas científicos próximos e, nalguns casos, equipamento científico, e até para fazer formação de pessoal. "Os fundos europeus já funcionam com esta filosofia, financiando redes de excelência", sublinha.
[...]
>Triplicar o número de patentes registadas no Gabinete Europeu de Patentes e no Gabinete de Patentes dos Estados Unidos (eram, respectivamente, 4,1 e 1,3 por milhão de habitantes)
>Lançamento já em Abril de 2006 dos primeiros concursos para contratos-programa com instituições científicas, públicas ou privadas, visando o financiamento de contratos individuais de trabalho de investigação.
>Criação de 50 cátedras convidadas até 2009 em Universidades e Instituições de investigação, abertas ao co-financiamento de entidades privada
>Criação de bolsas de integração na investigação de estudantes de mestrado e licenciatura; programa de formação avançada e doutoramentos em investigação clínica, associado ao internato médico, envolvendo 300 médicos até 2009
>Entrada em funcionamento de novos laboratórios associados e reforço das suas condições de funcionamento, através da revisão dos seus contratos-programa com o Estado
>Projectos de I&D orientados para apoio às políticas públicas (riscos naturais e ambientais, incêndios florestais, epidemias, transformações sociais)
>Criação do Laboratório Internacional de Vulcanologia dos Açores.
>Equipamento dos navios oceanográficos
>Criação da rede de parcerias internacionais de grande dimensã
> Aumentar 50% o número de novos licenciados por ano em áreas de ciências e engenhari
>Adaptação da legislação de imigração e dos mecanismos de acolhimento de imigrantes de alto nível científico e técnico
>Reforço da intervenção da Agência Ciência Viva junto das escolas de ensino básico e secundário para o reforço do ensino experimental das ciências
Um Compromisso com a Ciência para o Futuro de Portugal
2006-03-29: Intervenção do Primeiro-Ministro no debate mensal na Assembleia da República
18.4.06
Entrevista ao novo Reitor da Universidade de Lisboa
Público, 18 Abril
Isabel Leiria
"O nosso drama é que por cada 100 alunos que entram são diplomados 30 e tal"
O reitor da Universidade de Lisboa acredita que o nível médio dos licenciados portugueses é aceitável, quando comparado com o dos europeus. O problema são as elevadas taxas de abandono. Os alunos têm de ser acompanhados nos primeiros anos e devem seguir percursos diferentes.
Aos 51 anos, depois de ter passado por algumas das mais prestigiadas universidades norte-americanas e europeias, António Nóvoa, pedagogo, historiador da Educação e catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação foi eleito na passada semana reitor da Universidade de Lisboa (UL). Diz que os alunos mudaram e que as instituições têm de repensar a sua missão.
PÚBLICO - A universidade de hoje é muito diferente da que frequentou há 30 anos?
ANTÓNIO NÓVOA - É totalmente diferente. Aliás, um dos problemas que temos prende-se com o facto de a universidade estar concebida para receber três a cinco por cento de uma determinada classe de idade e hoje haver quase 50 por cento dos jovens no superior. Grande parte dos desajustamentos actuais tem a ver com esse aumento, que é muito positivo, mas que traz um conjunto de problemas. A universidade não se reorganizou no sentido de perceber que tem hoje uma missão diferente daquela que tinha há 30 anos.
Para além de serem mais, são diferentes?
É frequente ouvir-se dizer que chegam à universidade sem saber pensar, por vezes escrever. É o que escrevo no livro Evidentemente: tudo isso é evidente, mas é uma evidência que mente um pouco. Quando preparei o programa de candidatura, estive a ler as orações de sapiência e os discursos de abertura do ano académico da UL. A primeira oração, em 1911, é exactamente em torno desse tema. Dizia que a situação era um desastre, que era impossível dar um ensino universitário de qualidade, quando os jovens vinham do liceu daquela maneira. Não me interessa essa espécie de passa-culpas permanente. Se perguntar: a universidade tem trabalhado com os alunos da melhor forma possível em função da maneira como chegam à universidade? A minha resposta é não.
Mas qual é avaliação que faz dos alunos?
O nível médio dos nosso diplomados é razoavelmente aceitável em comparação com os níveis médios europeus. Dei aulas em Nova Iorque, Winsconsin (EUA), Genebra, Paris, e sei que não é inferior. O nosso drama é que por cada 100 alunos que entram no 1.º ano são diplomados 30 e tal, no máximo 40.Porquê?Porque não temos estruturas de orientação, porque tratamos todos os alunos da mesma maneira, como se tivessem de fazer todos os mesmos percursos. O desperdício acontece aí.
Qual é a solução?
Temos sido completamente insensíveis a esta realidade do abandono escolar no superior. Uma das minhas medidas vai ser criar um observatório dos percursos estudantis, em que se conheça claramente o que acontece aos alunos desde o dia em que entram na UL. Há 30 anos, todos pediam mais ou menos a mesma coisa. Hoje existem necessidades e exigências diferentes, às quais temos de dar resposta. O que é muito poderoso nas universidades dos EUA, em Oxford, são sobretudo os dois primeiros anos de adaptação, os colleges, em que há orientação dos estudantes, compreensão do que podem a vir ser os seus percursos, integração na vida universitária.
Com 19 anos não se devia ter essa maturidade?
O facto de toda essa aprendizagem dever ter sido feita no secundário - escrever bem, ler criticamente, consultar bibliografia - não substitui a necessidade de também ser feita na universidade. Quando, no quadro de Bolonha [para um espaço europeu de ensino superior], falamos na flexibilidade curricular acho que é aí que podemos ganhar este desafio: conceber uma universidade que dê resposta a um número cada vez mais alargado de alunos (inclusive adultos), mantendo-a fortemente competitiva no plano da investigação e pós-graduações. Só conseguimos fazer isto, se dissermos que os estudantes não vão todos fazer a mesma coisa: uns vão ficar com formações mais profissionalizantes, outros serão projectados para segundos ciclos de estudo, doutoramentos, investigação.
"Teia de protecções jurídicas" impede mobilidade docente
O que gostaria de ver mudar na Universidade de Lisboa (UL) no seu mandato?
A refundação institucional da UL é uma das prioridades. Herdo uma universidade com oito faculdades e um instituto e gostaria de deixar uma com 12 faculdades e escolas politécnicas, três ou quatro institutos, escolas doutorais transversais. Gostava também de uma universidade mais consolidada na investigação e a terceira prioridade é Bolonha e a reforma dos estudos, o que passa pela abertura ao exterior e a novos públicos.
Ensino politécnico na UL vai contra a tese de que deve haver uma separação entre este subsistema e o universitário?
Na realidade do nosso país, essa diferenciação é necessária - há formações que devem ser de cariz universitário e outras politécnico -, mas deve coexistir dentro do mesmo espaço institucional. Não há nenhum sistema de ensino superior em parte alguma do mundo que tenha o número de instituições que nós temos. A minha aposta é garantir uma rede de associações que nos dê a massa crítica que permita competir no espaço europeu de ensino superior. Isto é uma mudança brutal no que foi durante muito tempo a concepção de uma universidade clássica.
Cortar no financiamento dos cursos com menos de 20 alunos ajudará a regular o sistema?
Sim, se a medida não for tomada de forma cega. A esmagadora maioria desses cursos foram criados por lógicas de oportunidade, de mercado e de professores, que criaram esses pequenos feudos. Mas há áreas fundamentais que eu, como reitor da UL, não posso fechar nem que não tenha um aluno.
A falta de mobilidade dos docentes é outro dos problemas?
Fala-se muito das estruturas de governo das universidades mas, para mim, o principal drama é esse. A estrutura legislativa que temos impede a mobilidade. Se um assistente contratado aos 23 anos quiser ficar na instituição, muito provavelmente fica lá até aos 70. A teia de protecções jurídicas torna quase impossível pôr esta pessoa fora da universidade, o que é um absurdo. Fiz a minha formação em universidade estrangeiras, fui professor lá fora e não me imagino a terminar a minha vida na UL. Nesse sentido vivo mal com as endogamias que existem. Mas é preciso referir outra coisa: ao mesmo tempo que a legislação protege muito as pessoas que estão dentro da instituição, desprotege-as completamente no momento em que não lhes é renovado o contrato. A alternativa é o puro desemprego e sem sequer direito ao subsídio.
Acha que o Estado intervém demais na vida da universidade?
Há dois aspectos que são profundamente perturbadores. Um tem a ver com o que chamo de microdecisões, que tornam o governo da universidade num inferno. Um dia é a retenção dos saldos das instituições, agora são as cativações das receitas, amanhã é uma auditoria, depois outra, que diz que a gestão contabilística tem de ser feita de outra maneira...
E o segundo aspecto?
Tem a ver com o excesso de recursos, contenciosos jurídicos, administrativos e conflitos que se manifestam nos concursos e que bloqueiam permanentemente as instituições. Não há nenhum concurso para professor associado, catedrático ou outra coisa qualquer que não dê origem a intermináveis recursos. Faça-se o que se fizer. É preciso retirar esta lógica administrativa e jurídica.Porquê tanta contestação?Porque há um estrangulamento das carreiras e uma grande competição por certos lugares, onde entendo que se devia chegar por mérito - produtividade científica, publicação de artigos - e não por uma lógica de quadros. O que existe é uma lógica de pirâmide que é muito medíocre neste sentido.
"É inacreditável que ainda se esteja a discutir a avaliação dos professores"
A ausência de mecanismos de avaliação dos professores não contribuirá para as elevadas taxas de insucesso?
Não se pode falar em total ausência. Algumas faculdades de Lisboa têm essa prática, mas é ainda incipiente. Só que esta questão já devia estar resolvida há 20 ou 30 anos. É inacreditável que, em 2006, estejamos ainda a discuti-la em Portugal. É um dos aspectos que vão ser mais importantes no meu mandato. Vamos criar uma estrutura interna de avaliação da universidade, com diferentes componentes: avaliação dos cursos, da instituição e dos professores.
Os alunos seriam à partida quem estaria em melhores condições para fazer essa avaliação. Por outro lado, podem não ser os mais objectivos...
Esse é o argumento principal para não haver avaliação pedagógica. Os alunos têm más nota, logo vingam-se nos professores. É absurdo, porque passa aos alunos um atestado de insensatez que não faz sentido. Além disso, todas as universidades do mundo têm práticas estabilizadas de avaliação dos professores pelos alunos e esse fenómeno nunca se notou, a não ser de forma residual. Agora, é apenas mais um critério a juntar à produção científica, à participação na vida universitária, capacidade de organizar sumários. Quando cheguei a Portugal e dei aulas pela primeira vez na UL, em 1987, no final da cadeira fui à secretaria pedir a minha avaliação pelos estudantes. Para mim era uma coisa corriqueira e da minha rotina de professor. As pessoas ficaram a olhar para mim...
Isabel Leiria
"O nosso drama é que por cada 100 alunos que entram são diplomados 30 e tal"
O reitor da Universidade de Lisboa acredita que o nível médio dos licenciados portugueses é aceitável, quando comparado com o dos europeus. O problema são as elevadas taxas de abandono. Os alunos têm de ser acompanhados nos primeiros anos e devem seguir percursos diferentes.
Aos 51 anos, depois de ter passado por algumas das mais prestigiadas universidades norte-americanas e europeias, António Nóvoa, pedagogo, historiador da Educação e catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação foi eleito na passada semana reitor da Universidade de Lisboa (UL). Diz que os alunos mudaram e que as instituições têm de repensar a sua missão.
PÚBLICO - A universidade de hoje é muito diferente da que frequentou há 30 anos?
ANTÓNIO NÓVOA - É totalmente diferente. Aliás, um dos problemas que temos prende-se com o facto de a universidade estar concebida para receber três a cinco por cento de uma determinada classe de idade e hoje haver quase 50 por cento dos jovens no superior. Grande parte dos desajustamentos actuais tem a ver com esse aumento, que é muito positivo, mas que traz um conjunto de problemas. A universidade não se reorganizou no sentido de perceber que tem hoje uma missão diferente daquela que tinha há 30 anos.
Para além de serem mais, são diferentes?
É frequente ouvir-se dizer que chegam à universidade sem saber pensar, por vezes escrever. É o que escrevo no livro Evidentemente: tudo isso é evidente, mas é uma evidência que mente um pouco. Quando preparei o programa de candidatura, estive a ler as orações de sapiência e os discursos de abertura do ano académico da UL. A primeira oração, em 1911, é exactamente em torno desse tema. Dizia que a situação era um desastre, que era impossível dar um ensino universitário de qualidade, quando os jovens vinham do liceu daquela maneira. Não me interessa essa espécie de passa-culpas permanente. Se perguntar: a universidade tem trabalhado com os alunos da melhor forma possível em função da maneira como chegam à universidade? A minha resposta é não.
Mas qual é avaliação que faz dos alunos?
O nível médio dos nosso diplomados é razoavelmente aceitável em comparação com os níveis médios europeus. Dei aulas em Nova Iorque, Winsconsin (EUA), Genebra, Paris, e sei que não é inferior. O nosso drama é que por cada 100 alunos que entram no 1.º ano são diplomados 30 e tal, no máximo 40.Porquê?Porque não temos estruturas de orientação, porque tratamos todos os alunos da mesma maneira, como se tivessem de fazer todos os mesmos percursos. O desperdício acontece aí.
Qual é a solução?
Temos sido completamente insensíveis a esta realidade do abandono escolar no superior. Uma das minhas medidas vai ser criar um observatório dos percursos estudantis, em que se conheça claramente o que acontece aos alunos desde o dia em que entram na UL. Há 30 anos, todos pediam mais ou menos a mesma coisa. Hoje existem necessidades e exigências diferentes, às quais temos de dar resposta. O que é muito poderoso nas universidades dos EUA, em Oxford, são sobretudo os dois primeiros anos de adaptação, os colleges, em que há orientação dos estudantes, compreensão do que podem a vir ser os seus percursos, integração na vida universitária.
Com 19 anos não se devia ter essa maturidade?
O facto de toda essa aprendizagem dever ter sido feita no secundário - escrever bem, ler criticamente, consultar bibliografia - não substitui a necessidade de também ser feita na universidade. Quando, no quadro de Bolonha [para um espaço europeu de ensino superior], falamos na flexibilidade curricular acho que é aí que podemos ganhar este desafio: conceber uma universidade que dê resposta a um número cada vez mais alargado de alunos (inclusive adultos), mantendo-a fortemente competitiva no plano da investigação e pós-graduações. Só conseguimos fazer isto, se dissermos que os estudantes não vão todos fazer a mesma coisa: uns vão ficar com formações mais profissionalizantes, outros serão projectados para segundos ciclos de estudo, doutoramentos, investigação.
"Teia de protecções jurídicas" impede mobilidade docente
O que gostaria de ver mudar na Universidade de Lisboa (UL) no seu mandato?
A refundação institucional da UL é uma das prioridades. Herdo uma universidade com oito faculdades e um instituto e gostaria de deixar uma com 12 faculdades e escolas politécnicas, três ou quatro institutos, escolas doutorais transversais. Gostava também de uma universidade mais consolidada na investigação e a terceira prioridade é Bolonha e a reforma dos estudos, o que passa pela abertura ao exterior e a novos públicos.
Ensino politécnico na UL vai contra a tese de que deve haver uma separação entre este subsistema e o universitário?
Na realidade do nosso país, essa diferenciação é necessária - há formações que devem ser de cariz universitário e outras politécnico -, mas deve coexistir dentro do mesmo espaço institucional. Não há nenhum sistema de ensino superior em parte alguma do mundo que tenha o número de instituições que nós temos. A minha aposta é garantir uma rede de associações que nos dê a massa crítica que permita competir no espaço europeu de ensino superior. Isto é uma mudança brutal no que foi durante muito tempo a concepção de uma universidade clássica.
Cortar no financiamento dos cursos com menos de 20 alunos ajudará a regular o sistema?
Sim, se a medida não for tomada de forma cega. A esmagadora maioria desses cursos foram criados por lógicas de oportunidade, de mercado e de professores, que criaram esses pequenos feudos. Mas há áreas fundamentais que eu, como reitor da UL, não posso fechar nem que não tenha um aluno.
A falta de mobilidade dos docentes é outro dos problemas?
Fala-se muito das estruturas de governo das universidades mas, para mim, o principal drama é esse. A estrutura legislativa que temos impede a mobilidade. Se um assistente contratado aos 23 anos quiser ficar na instituição, muito provavelmente fica lá até aos 70. A teia de protecções jurídicas torna quase impossível pôr esta pessoa fora da universidade, o que é um absurdo. Fiz a minha formação em universidade estrangeiras, fui professor lá fora e não me imagino a terminar a minha vida na UL. Nesse sentido vivo mal com as endogamias que existem. Mas é preciso referir outra coisa: ao mesmo tempo que a legislação protege muito as pessoas que estão dentro da instituição, desprotege-as completamente no momento em que não lhes é renovado o contrato. A alternativa é o puro desemprego e sem sequer direito ao subsídio.
Acha que o Estado intervém demais na vida da universidade?
Há dois aspectos que são profundamente perturbadores. Um tem a ver com o que chamo de microdecisões, que tornam o governo da universidade num inferno. Um dia é a retenção dos saldos das instituições, agora são as cativações das receitas, amanhã é uma auditoria, depois outra, que diz que a gestão contabilística tem de ser feita de outra maneira...
E o segundo aspecto?
Tem a ver com o excesso de recursos, contenciosos jurídicos, administrativos e conflitos que se manifestam nos concursos e que bloqueiam permanentemente as instituições. Não há nenhum concurso para professor associado, catedrático ou outra coisa qualquer que não dê origem a intermináveis recursos. Faça-se o que se fizer. É preciso retirar esta lógica administrativa e jurídica.Porquê tanta contestação?Porque há um estrangulamento das carreiras e uma grande competição por certos lugares, onde entendo que se devia chegar por mérito - produtividade científica, publicação de artigos - e não por uma lógica de quadros. O que existe é uma lógica de pirâmide que é muito medíocre neste sentido.
"É inacreditável que ainda se esteja a discutir a avaliação dos professores"
A ausência de mecanismos de avaliação dos professores não contribuirá para as elevadas taxas de insucesso?
Não se pode falar em total ausência. Algumas faculdades de Lisboa têm essa prática, mas é ainda incipiente. Só que esta questão já devia estar resolvida há 20 ou 30 anos. É inacreditável que, em 2006, estejamos ainda a discuti-la em Portugal. É um dos aspectos que vão ser mais importantes no meu mandato. Vamos criar uma estrutura interna de avaliação da universidade, com diferentes componentes: avaliação dos cursos, da instituição e dos professores.
Os alunos seriam à partida quem estaria em melhores condições para fazer essa avaliação. Por outro lado, podem não ser os mais objectivos...
Esse é o argumento principal para não haver avaliação pedagógica. Os alunos têm más nota, logo vingam-se nos professores. É absurdo, porque passa aos alunos um atestado de insensatez que não faz sentido. Além disso, todas as universidades do mundo têm práticas estabilizadas de avaliação dos professores pelos alunos e esse fenómeno nunca se notou, a não ser de forma residual. Agora, é apenas mais um critério a juntar à produção científica, à participação na vida universitária, capacidade de organizar sumários. Quando cheguei a Portugal e dei aulas pela primeira vez na UL, em 1987, no final da cadeira fui à secretaria pedir a minha avaliação pelos estudantes. Para mim era uma coisa corriqueira e da minha rotina de professor. As pessoas ficaram a olhar para mim...
12.4.06
Orçamento FP7: 48 mil milhões de euros
40% increase to EU R&D budget
The sub-heading 1A Competitiveness for growth and employment indicates a total budget of 47.8 billion euros for the FP7:
2007: 5.170
2008: 5.552
2009: 6.028
2010: 6.644
2011: 7.426
2012: 8.110
2013: 8.851
Total 47.781 million euro
11.4.06
Higher Education in Europe
Ján Figel urges three major higher education reforms in order for universities to deliver on innovation and competitiveness:
> professional management
> EU standard for university qualifications
> unity of the European university system
[via Euractiv]
International Competitiveness in Higher Education—A European Perspective
AHUA Annual Conference—Oxford University, 3 April 2006
> professional management
> EU standard for university qualifications
> unity of the European university system
[via Euractiv]
International Competitiveness in Higher Education—A European Perspective
AHUA Annual Conference—Oxford University, 3 April 2006
10.4.06
A Vision and Strategy for Europe's Universities and the European University Association
[pdf document]
European University Association
EUA Action Plan and Work Programme 2006/2007
[pdf document]
European University Association
EUA Action Plan and Work Programme 2006/2007
7.4.06
6.4.06
Novo Reitor na Universidade de Lisboa
in Público
António Nóvoa eleito reitor da Universidade de Lisboa
António Nóvoa, pedagogo e historiador da educação, foi eleito ontem para o cargo de reitor da Universidade de Lisboa (UL). Sem listas adversárias, o professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação recebeu 94,8 por cento dos votos (239 em 252 votantes, sendo os restantes 13 votos em branco). Até agora vice-reitor, Nóvoa sucede a José Barata-Moura, que se manteve oito anos à frente da UL. No seu programa de candidatura, António Nóvoa defende um reforço da investigação e a diversificação da oferta, pela "abertura de novas escolas e/ou integração de escolas já existentes e de um alargamento da oferta curricular a formações de cariz profissionalizante". Os programas de pós-graduação - mestrados, doutoramentos e novas iniciativas de formação doutoral e pós-doutoral - também devem ser reforçados, entende. A qualificação e mobilidade dos docentes merecem igualmente uma atenção especial no programa de candidatura. É necessária a "renovação e rejuvenescimento do corpo docente", o "reforço da formação pedagógica, tornando-a mais adequada às realidades do ensino universitário contemporâneo" ou a "promoção da mobilidade nacional e internacional dos assistentes e dos professores", defende António Nóvoa.O actual vice-reitor lembra ainda a necessidade de uma maior "abertura ao exterior (à vida cultural e artística, ao mundo empresarial, às dinâmicas de inovação, etc.) que é essencial à renovação da universidade".No brinde que se seguiu à divulgação dos resultados, José Barata-Moura afirmou que a UL "vai ficar muito bem entregue", destacando o "sufrágio notável" que elegeu António Nóvoa, cita a Lusa. A equipa do reitor eleito é composta pelos vice-reitores António Vallêra, da Faculdade de Ciências, Inês Duarte, da Faculdade de Letras, e Maria Amélia Martins-Loução, da Faculdade de Ciências.
António Nóvoa eleito reitor da Universidade de Lisboa
António Nóvoa, pedagogo e historiador da educação, foi eleito ontem para o cargo de reitor da Universidade de Lisboa (UL). Sem listas adversárias, o professor catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação recebeu 94,8 por cento dos votos (239 em 252 votantes, sendo os restantes 13 votos em branco). Até agora vice-reitor, Nóvoa sucede a José Barata-Moura, que se manteve oito anos à frente da UL. No seu programa de candidatura, António Nóvoa defende um reforço da investigação e a diversificação da oferta, pela "abertura de novas escolas e/ou integração de escolas já existentes e de um alargamento da oferta curricular a formações de cariz profissionalizante". Os programas de pós-graduação - mestrados, doutoramentos e novas iniciativas de formação doutoral e pós-doutoral - também devem ser reforçados, entende. A qualificação e mobilidade dos docentes merecem igualmente uma atenção especial no programa de candidatura. É necessária a "renovação e rejuvenescimento do corpo docente", o "reforço da formação pedagógica, tornando-a mais adequada às realidades do ensino universitário contemporâneo" ou a "promoção da mobilidade nacional e internacional dos assistentes e dos professores", defende António Nóvoa.O actual vice-reitor lembra ainda a necessidade de uma maior "abertura ao exterior (à vida cultural e artística, ao mundo empresarial, às dinâmicas de inovação, etc.) que é essencial à renovação da universidade".No brinde que se seguiu à divulgação dos resultados, José Barata-Moura afirmou que a UL "vai ficar muito bem entregue", destacando o "sufrágio notável" que elegeu António Nóvoa, cita a Lusa. A equipa do reitor eleito é composta pelos vice-reitores António Vallêra, da Faculdade de Ciências, Inês Duarte, da Faculdade de Letras, e Maria Amélia Martins-Loução, da Faculdade de Ciências.
3.4.06
Um Compromisso com a Ciência para o Futuro de Portugal - AR, 29 de Março
Intervenção do Primeiro-Ministro no debate mensal na Assembleia da República:
«Um Compromisso com a Ciência para o Futuro de Portugal»
«Um Compromisso com a Ciência para o Futuro de Portugal»
Concurso FCT - núcleos de Labs Associados
Concurso para apoio a núcleos de desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação
No âmbito da Medida V.1 do Programa Operacional Ciência e Inovação 2010 (POCI), Acção V.1.3, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia abre concurso para financiamento de Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação, com reflexo na criação de emprego científico e tecnológico.
É dada prioridade ao financiamento da criação de Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação nas Unidades de I&D, nomeadamente as dos Laboratórios Associados.
Os Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação podem ter início em 3 de Abril de 2006, devendo as actividades a financiar ficar concluídas até 30 de Junho de 2008.
O concurso está aberto de 3 a 17 de Abril de 2006.
- Edital do concurso
- Regulamento da Acção V.1.3
- Regulamento da Acção V.1.3 (Alteração)
- Formulário Candidatura Acção V.1.3
- Indicadores
- Anexos
No âmbito da Medida V.1 do Programa Operacional Ciência e Inovação 2010 (POCI), Acção V.1.3, a Fundação para a Ciência e a Tecnologia abre concurso para financiamento de Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação, com reflexo na criação de emprego científico e tecnológico.
É dada prioridade ao financiamento da criação de Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação nas Unidades de I&D, nomeadamente as dos Laboratórios Associados.
Os Núcleos de Desenvolvimento Científico, Tecnológico e de Inovação podem ter início em 3 de Abril de 2006, devendo as actividades a financiar ficar concluídas até 30 de Junho de 2008.
O concurso está aberto de 3 a 17 de Abril de 2006.
- Edital do concurso
- Regulamento da Acção V.1.3
- Regulamento da Acção V.1.3 (Alteração)
- Formulário Candidatura Acção V.1.3
- Indicadores
- Anexos
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